quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Entrelaçando cliks e pensamentos

A hiperconectividade cantada por Gil na canção “Pela Internet” nos soa antiquada em dias atuais. Diante de tantas novidades criar um web site ou abrir uma home page deixou de ser uma tarefa quase impossível, restrita apenas as mentes brilhantes do campo da tecnologia digital. Na constante evolução de tudo, as ferramentas tecnológicas surgem como facetas criando novos sistemas. Cada vez mais claro e se adaptando aos nossos anseios, a era digital deixa de ser um bicho de sete cabeças e passa a ser realidade entre as pessoas. Dentro desse contexto surgem os novos paradigmas de interação. Um exemplo concreto disso são os hipertextos. O termo que foi empregado nos anos sessenta por Ted Nelson agrega várias definições, de diferentes autores. Segue aqui a definição que considerei mais ideal: “Hipertexto é um conjunto de nós por conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos, ou seqüências sonoras. Navegar em um hipertexto significa, portanto, desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode por sua vez, conter uma rede inteira”.(lévy, 1993 p.33).
Por apresentar uma flexibilidade desenvolvida na forma de ligações, o hipertexto torna-se um texto considerado não-linear. A não-linearidade neste caso pode ser pseudo-nomeada como um livre-arbítrio do indivíduo virtual, ou seja, a liberdade que facilita nossas percepções, o pensamento e que vai de encontro aos nossos objetivos. As conexões que criamos indo de assunto a assunto, nos permite interagir com apenas aquilo que consideramos relevante. E é nesse ponto que alguns autores torcem o nariz para esta nova ferramenta. Segundo eles, o hipertexto trás a desvantagem de se tornar volátil e efêmero na medida que escolhemos somente o que acreditamos ser importante, superficializando os demais elementos do texto. Entre vantagens e desvantagens o que se sabe é que todo texto independente do local onde está escrito, pode ser considerado um hipertexto. Já que ao fazermos uma leitura entramos em um processo permeado de ligações de pensamentos que estão na memória do leitor, nas referências do texto, nos índices e até mesmo em cada palavra que remeta o leitor para fora da linearidade do texto. Desta forma pode-se considerar então, que a história do hipertexto é a própria história do texto.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

A verdade sobre o tempo

Sexta-feira, 14 de setembro de 2007, mais um dia de trabalho, faculdade e blog. Custa-me a acreditar que agora terei mais alguma coisa para dividir meu já limitado tempo. Se eu fosse escolher uma palavra chave para esse texto seria sem sombra de dúvidas, essa: o tempo. O termo é meio abstrato e está aquém de qualquer definição. Quando pensamos nele, o que nos vem à mente são as contagens das horas, dos dias, dos meses, dos anos, enfim dos momentos. Mas afinal qual a influência do tempo na sociedade atual e mais especificamente no jornalismo? Com tudo se globalizando, o tempo não se deixa acanhar e segue no mesmo ritmo. Nunca em tanto tempo o bordão popular “corrida contra o tempo” esteve tão claro como hoje. Não querendo ficar de fora dessa, o jornalismo atual procura investir em novas características que o façam interagir com esse novo modelo de sociedade. O jornalismo digital é um exemplo disso, essa nova mídia, proveniente da ferramenta Internet, a chamada rede das redes, chega para tentar suprir a carência do público que vivendo na atmosfera do tempo, espera que a informação seja meramente uma habilidade descartável de se comunicar com o meio. É por essa tendência, que o jornalismo on-line enfrenta tantas divergências. O conceito e a estrutura dessa nova tecnologia vem na contramão dos antigos ideais jornalísticos. Preocupados em oferecer ao público o maior número de notícias no menor espaço de tempo, os profissionais dessa área estão se deixando influenciar pela velocidade do mercado atual. São enxurradas de notícias sendo disponibilizadas em um fluxo contínuo e ininterrupto. É a chamada lei da oferta, onde as informações acabam sendo “vendidas” a preço de banana. Como resultado temos a credibilidade posta de lado e a verdade vista quase como uma utopia. Os valores essenciais da noticias como as formas de apuração, a veracidade dos fatos, as diversas versões, a clareza e a precisão tudo isso deixa de ser relevante neste caso. A qualidade da informação pouco importa, a nova rotina do jornalista prevê a quantidade como regra. A velocidade como os sites são atualizados, são paradigmas de uma sociedade febril que vive a mercê dessa situação. É engraçado pensarmos nisso, mas somos vítimas da globalização, do tempo, da modernidade, do mercado e de tantos outros sistemas. Em uma engenhosa fábrica de apatias e comodidades acabamos sendo vítimas de nós mesmos. Diante disso penso na pergunta que expôs nas primeiras linhas deste texto...Se sofremos tão expressiva influência, como sobreviver a tudo isso? Ignorar ou Viver? Matar ou Morte?

"Vivemos num tempo maluco em que a informação é tão rápida que exige explicação instantânea e tão superficial que qualquer explicação serve".
(Luís Fernando Veríssimo)

terça-feira, 11 de setembro de 2007

A sensibilidade criativa de um poeta

Andei pensando no que iria escrever neste primeiro texto e parece besteira mais acabei escolhendo por não escrever sobre nada. Ao invés disso resolvi ocupar este espaço para homenagear alguém que fez de seus versos a expressão perfeita da sensibilidade humana. Angenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola: o trovador do samba.
"Ainda é cedo amor...Mal começaste a conhecer a vida...Já anuncias a hora da partida...Sem saber mesmo o rumo que iras tomar...Preste atenção querida... Embora eu saiba que estás resolvida...Em cada esquina cai um pouco tua vida...e em pouco tempo não serás mais o que és...
Ouça-me bem amor...Preste atenção o mundo é um moinho...Vai triturar teus sonhos, tão mesquinhos.Vai reduzir as ilusões à pó...Preste atenção querida...De cada amor tu herdarás só o cinismo, quando notares estás à beira do abismo...Abismo que cavastes com teus pés."
"O mundo é um moinho", canção composta por Cartola e gravada no disco "Nova História da Mpb" de 1976.